Na tarde desta terça-feira (3), a sede do Corinthians, localizada no tradicional Parque São Jorge, foi palco de um protesto impactante liderado pelas principais torcidas organizadas do clube. Gaviões da Fiel, Camisa 12, Pavilhão Nove, Estopim da Fiel, Coringão Chopp e Fiel Macabra uniram forças em um movimento que escancarou a revolta da Fiel com os rumos políticos e administrativos da instituição.
A manifestação, pacífica mas carregada de simbolismo, envolveu a ocupação da sede social e o fechamento dos portões com correntes. Uma grande faixa com os dizeres “Fechado por má administração” resumiu o sentimento de indignação dos torcedores. O grupo afirma que o protesto é um “ato de resistência contra um sistema político que enfraquece o Corinthians há décadas”.
Torcidas pressionam por mudanças imediatas no clube
Durante o ato, os torcedores apresentaram uma pauta com exigências claras e urgentes, defendendo reformas profundas na estrutura do clube. Entre as principais demandas estão:
- Inclusão do torcedor Fiel no processo democrático do clube, garantindo direito a voto nas decisões;
- Mudança completa no Estatuto Social do Corinthians, tornando-o mais transparente e moderno;
- Investigação, responsabilização e punição dos dirigentes que contribuíram para o acúmulo de dívidas nas últimas gestões.
Segundo os representantes das torcidas, o movimento não tem vínculo político com nenhum grupo específico. A reivindicação é pela reconstrução do clube de forma ética, transparente e participativa, colocando os interesses da instituição e da torcida acima de disputas internas de poder.
Presidente interino se reúne com líderes das torcidas organizadas
O presidente interino, Osmar Stabile, se reuniu com membros das organizadas ainda durante o protesto. Ele afirmou estar disposto a acolher parte das demandas, como a supervisão das categorias de base, setor considerado estratégico e negligenciado nos últimos anos. No entanto, em relação à reforma estatutária, admitiu que o tema é mais delicado, já que envolve a aprovação do Conselho Deliberativo e da Assembleia Geral do clube.
No início da noite, após a conversa, os torcedores começaram a desmobilizar o protesto. O acesso ao estacionamento foi liberado, e a faixa foi retirada. A entrada de pedestres não foi comprometida em nenhum momento. A Polícia Militar esteve presente com mais de 20 viaturas para garantir a segurança do local, mas não houve confrontos ou incidentes de violência.
“A revolução começou hoje”, diz líder da Gaviões da Fiel
Um dos principais nomes do ato foi Alexandre Domênico Pereira, presidente da Gaviões da Fiel. Em declaração aos jornalistas, ele deixou claro que o movimento busca um novo caminho para o clube, sem vínculos com lideranças passadas:
“Essa ocupação é um grito de socorro. O Corinthians está sendo destruído por interesses escusos. A ideia agora é focar na reforma do estatuto, que é a chave para retomar o clube para os corintianos de verdade. A revolução começou hoje.”
E completou com um recado direto para a torcida:
“Não importa se você gosta ou não do Augusto Melo, do Andrés Sanchez ou de qualquer dirigente. O que importa é amar o Corinthians e lutar por ele.”
Crise política no Corinthians se agrava com disputa interna pelo poder
O protesto desta terça-feira ocorre em um momento extremamente delicado para a política do Corinthians. No último sábado (31), uma confusão generalizada tomou conta da sede do clube após uma tentativa de retorno de Augusto Melo, presidente afastado após votação no Conselho Deliberativo.
Na ocasião, torcedores invadiram a sala da presidência e a polícia foi acionada para conter os ânimos. Augusto Melo insiste que ainda é o presidente legítimo, amparando-se em um documento assinado por Maria Angela de Sousa Ocampos, que se autodeclarou presidente do Conselho.
Enquanto isso, Osmar Stabile permanece como presidente interino, ocupando a sala da presidência e iniciando a formação de uma nova diretoria. Ele lidera o clube até a realização da Assembleia Geral dos Associados, marcada para o dia 9 de agosto, quando será decidido o futuro de Augusto Melo no comando do Timão.
Conclusão: o Corinthians vive um momento decisivo
A ação coordenada das torcidas organizadas representa muito mais que um simples protesto. É um sinal claro de que a maior força do Corinthians, sua torcida, não aceitará mais ser ignorada. Com a crise política se intensificando e a pressão por reformas aumentando, o clube se vê diante de um ponto de virada histórico.
Seja qual for o desfecho, o grito da Fiel ecoou forte no Parque São Jorge: o Corinthians precisa mudar. E precisa mudar agora.